quinta-feira, 29 de julho de 2010

mínima

Muitas vezes na minha vida dei o meu melhor e não me serviu de nada, tive sempre o que queria e quando queria na palma da minha mão mas não o que precisava. Tentei não pensar e não cair no cansaço que às vezes era tanto mas mesmo assim não me deixava dormir de encontro ao turbilhão em que me encontrava. Solta e livre por fora, como um pássaro que era capaz de percorrer mundo inteiro, presa e amordaçada por dentro como algo que nem sei explicar bem o que é. O choro, perda e amor desperdiçado. Há coisas melhores na vida que isto. Lutas para resolver algo que no fundo nem tem solução porque o problema és tu, o teu corpo e a tua pessoa. É nessa altura que o choro, a perda e o amor desperdiçado te fazem pensar, e te fazem sentir o pior objecto de sempre, te fazem perceber tanta coisa que nem sabes como reagir. É aí que nem as luzes te guiam, nem te salvam, nem te ajudam. É aí que entendes que tens mais força do que pensavas e que vais lutar para conseguir.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

marcha em frente

se eu pudesse abrir a minha cabeça, tiraria de lá tudo o que me incomoda. recordações, aprendizagens, momentos, enfim , uma série de coisas inúteis de que me lembro de vez em quando. tirava e colocava-as numa caixinha, tipo um lembrador, sempre que me desse na consciência voltaria a essa caixinha e ficava a observar os pensamentos. se eu pudesse apagar caminhos e acções já feitas e percorridas, pegava numa borracha e apagava sempre que me desse jeito. trazia o meu lápiz mágico sempre comigo e desenharia o meu próprio caminho quando me apetecesse. se eu pudesse abrir a minha boca, tiraria de lá palavras que já disse e não queria, palavras que queria dizer e não devia. pegava nelas e colocava-as numa folha de papel e lia sempre que quisesse, tal como agora. diversão é prazer, amor é vida. tento usá-los sem cair no chão. tudo seria mais fácil assim não era? enfim, o que vale é que tudo não passa de uma pequena marcha já traçada.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

flame on

Lembro-me da primeira vez que te vi, da primeira vez que falei contigo. Ignorante e curiosa ao mesmo, tentava saber quem eras e porque é que eras a novidade do momento. Pensei para mim "normal normal normal". Lembro-me de te conhecer, saber mais de ti e gostar. Lembro-me de passar dias, tardes, noites, sei lá.. conversas, maioria delas estúpidas e sem nexo nenhum mas que me faziam feliz. Lembro-me de começar a sentir a tua falta, embora te visse todos os dias. Lembro-me de me integrar na tua vida, saber tudo sobre ti. Lembro-me de ficar boquiaberta quando disseste que não gostavas de gelados, tal como eu. Lembro-me do que faziamos juntos e também me lembro do que não fazíamos. Lembro-me do quanto gostavas de mim e ainda gostas, tal como vais gostar sempre. Lembro-me do que me estragou a mim e a ti. Lembro-me dos ciúmes e mal entendidos. Lembro-me das mentiras em que foste levado, da falta de confiança, da nossa pedra no sapato. Lembro-me das discussões, da frieza, do orgulho. Lembro-me de não ter nada para te dizer a não ser "adeus". Lembro-me de me sentir perdida, e de te perder. Lembro-me da presença, do esforço, do sofrimento, de ser forte, muito forte. Lembro-me da noite, do álcool, das quedas, dos abraços, das palavras, do choro. Lembro-me de me reencontrar e reecontrar-te a ti e a algo que por sinal nunca tinha desaparecido. Lembro-me da ressaca. Lembro-me da verdade que vem sempre ao de cima, e veio. Lembro-me de pensar nas injustiças, de pensar "mais vale tarde que nunca, mas o tarde já é muito". Lembro-me do enfortalecimento, do next, do next e do next. Lembro-me de que mesmo de costas voltadas em qualquer altura em circunstância, continuamos aqui. Lembro-me de não encontrar ninguém como tu até hoje. Lembro-me do teu número e do meu. Lembro-me da viagem prometida. Lembro-me de sair e não voltar mais. Lembro-me das palarvras da tua mãe. Lembro-me de te perdoar e de me perdoar a mim. E sobretudo ainda me lembro do teu vazio. Valeu a pena?
J.S