quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Se um dia eu escrever um texto para ti

Se andasse ao teu lado na rua não olhava duas vezes, verdade nua e crua. Os nossos gostos não são os mesmos, a nossa comunicação verbal é péssima e embora tu aches que és mau, tu és luz e eu sou escuridão. Tu pensas que eu não quero saber, que não oiço e não entendo, talvez verdade nua e crua, mas se fosse mesmo verdade como poderia eu saber que a nossa comunicação é única quando estamos calados? Quando a forma como nos movemos um em roda do outro é única porque os nossos corpos se comunicam perfeitamente? Como seria eu capaz de saber que quando os nossos olhos passam um pelo outro eles vêem o que as nossas palavras não ditam? Porque mesmo quando ninguém repara, eles fazem questão de cuidar um do outro, sim os nossos olhos.

O teu pessimismo é garra para o meu optimismo, e o meu optimismo é simplesmente teu. Dito desta forma parece estúpido, mas se calhar a nossa comunicação é tão má que afecta até a minha escrita, roubas-me a expressão.. Mas se ela é tão má como poderias tu também roubar-me um sorriso? As gargalhadas soltas pelas coisas mais idiotas e mais pequenas, como estarmos juntos a não fazer nada e apenas as pessoas existirem à nossa volta nos faz rir.

E eu sei que não te entendo, eu sei. Mas se não entendo, como posso entender tão bem todos os teus pormenores? Entender os teus medos mesmo que não tos diga, entender os teus gestos mesmo que não tos elogie, entender pequenos pormenores em ti que mais ninguém entendeu, até as pequenas marcas que não gostas em ti e que achas que ninguém quer saber e que eu adoro, adorei a primeira que vi.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Entradas Rascas na multidão

O maior medo, é o medo da multidão. Ah.... não conhecem?

É estar no meio de mil pessoas a passarem ao nosso lado e nem as sentirmos, nem as vermos, é sentir que nada nos toca, mas tudo nos atinge com uma força gigante, como se todos fossem na direcção oposta, contra nós, mas isso não ser suficiente para nos fazer sentir, mais uma vez, alguma coisa.

É estar sentado numa mesa com amigos de toda a vida e saber que  1 em 80 sabem o que vai nos teus olhos, em cada gesto, em cada expressão tua, é saber que nenhum deles te conhece, não sabem a tua cor favorita, o que gostas de comer ou que gostas de dançar quando estás em casa e sais do banho.

É receberes mil palavras por dia e mesmo assim não interiorizares nada porque simplesmente não é suficiente, é teres esperança de vir ao de cima mas saberes que é perca de tempo, é falares do tempo e ninguém entender que não te referes à metereologia e que esse vem sempre associado à perca.

É quanto mais acompanhado estiveres mais perdido estás, como 1+1= a qualquer coisa que ninguém te quer ouvir dizer, ninguém quer saber. É o medo da multidão, é em vão, é estares num apagão rodeado de mil estrelinhas no céu e mesmo assim não vizualizas o que vem depois.

É o medo da multidão.

sábado, 11 de novembro de 2017

Pedaços de vento

Cada vez mais somos substituíveis, descartáveis.
Cada vez mais aproveitamos de forma pequena os dias que podemos viver como seres humanos, somos inúteis. Sentir é a coisa mais genuína que um ser humano pode fazer, a mais verdadeira, no entanto, achamos que podemos ter o luxo de sentir por breves instantes e não por uma vida inteira, sendo a última a mais importante de todas. Ser forte deixa de ser um traço de personalidade para passar simplesmente a ser uma escolha, mais uma vez descartável, porque sentir é dos grandes e não dos pequenos, não é dos oprimidos, sentir e dificil. Sentir é dificil ao ponto de pensarmos em desligar o nosso interruptor de humanidade, como se não importasse e se formos fortes podemos fazê-lo durante muito tempo se formos fracos podemos apenas fingir e pensar sobre isso.

É incrível como as coisas ficam mais malucas na nossa cabeça nos dias de hoje e nos colocamos na posição de pensar em temas que jamais pensariamos à meses ou anos atrás, somos egoístas, achamos que só nós somos válidos, só a nossa dor é válida e a dos restante tagarelices e lamechices. Somos enganados, vezes e vezes sem conta por pessoas bem menos inteligentes do que nós e aceitamos simplesmente porque é mais fácil do que aceitar a realidade, mais acolhedor.

Algo sobrenatural, chega a ser isso mesmo porque nos achamos invencíveis, achamos que as coisas dúvidas nunca vão roçar a nossa alma, o medo, a angústia, a morte. Queremos ser melhores mas no fundo não passamos de erros e indecisões, como pedaços de papel, que se movem com o vento, sem livre árbitos..só erros e indecisões.

Achamos ter alguém sempre a zelar por nós, a proteger-nos, quando na realidade somos substiuíveis, descartáveis, como pedaços de papel, que movem com o vento...

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Etiquetas


Começo a perguntar-me quantas etiquetas serão possíveis colocar em alguém. Se tivéssemos um número de etiquetas que pudéssemos gastar ao longo da nossa vida, será que aos 26 anos já não temos nada? O pior cenário seria se as gastássemos todas nas pessoas erradas e depois só sobrassem pedaços de etiquetas rasgadas ou algo assim. Pergunto-me quantas dessas já gastaram em mim. Por agora contento-me só com elogios de pouca duração e frases soltas que desaparecem num espaço de horas, como se fosse fácil dizer tudo o que se apetece, e não se sentir nada do que se disse uns segundos antes.

Desacreditação ou inexistência, não sei. Já não sei que etiquetas utilizar, as boas arrependo-me, as más arrependo-me mais.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Almas


Existem almas que nos consomem. Digo isto de uma forma pouco positiva porque quando isso acontece saímos um pouco de nós próprios. Passamos a ficar mais pesados, a nossa cabeça dói e grita-nos pensamentos confusos e com nível de stress 864441512. Falo de dor, mas não é aquela típica de quando se sai do ginásio, essa eu também conheço, e acreditem que eu até conheço bastantes tipos de dor (só alguns pouco sabem). Dizendo isto não afirmo já ter sido tudo, conhecer tudo como se tivesse mil vidas passadas, não. Nunca estive na pele de uma prostituta que tem de se dar para sobreviver ou de um sem-abrigo que já se habituou a nunca ter nada de ninguém e aos olhares julgadores, falo isto com toda a experiência que felizmente ou infelizmente esta vidinha pacata me deu. Mas existem mesmo almas que nos consomem, conheci poucas até agora. Não sei o que fazer com elas, não sei o que fazer esses pedacinhos que pairam ao me redor e me vão fechando cada vez mais os olhos. Sabem as pragas? Não tem nada a ver, porque dessas nos conseguimos arranjar um saída quer boa ou quer má. Isto é como uma bússola, ela sabe onde é o norte..perfeitamente..ela só não sabe se quer de encontro a ele, ou reconfortar-se no sul.

É que digo-vos, existem almas que nos consomem, e algumas agarram-se a nós e ficam para sempre.

domingo, 8 de novembro de 2015

A bola

Tem vários tempos que não escrevo, vários momentos que não publico, talvez porque por breves instantes me tenha esquecido das palavras certas para usar.
Dizer que a vida dá voltas é pouco, dizer que é um carrossel sem fim é muito, mas dizer que me habituei a gerir o enjoo das voltas repentinas talvez me pareça acertado. É depois disto que quando olho e vejo o local onde fui parar, onde estou no momento, me faz sentir muito feliz, borboletas e risos sinistros é pouco para descrever o quão livre é esta sensação. Sim estou livre.

(Risos)... Não consigo continuar..

T!

sábado, 25 de abril de 2015

curta metragem

Hoje seria um dos dias mais felizes da minha vida, se estivesse a teu lado.
Hoje seria um dos dias mais engraçados da minha vida, se estivesse a teu lado.
Hoje seria azul nos céus, e não chuva e vento, se eu estivesse a teu lado.
Hoje seria pudim e mousse de chocolate em vez de peixe cozido, se eu estivesse a teu lado.
Hoje seria tudo se não fosse o se, se eu estivesse a teu lado.
Hoje seria nada, se tu estivesses a meu lado.

Vinteetrês

quarta-feira, 25 de março de 2015

Balada de piano solta, leve

Sinceramente já não sei como me meti nisto, esta bola de neve, esta dor pequenina e aguda que à muito tempo me deixa incapaz de ver a felicidade. Cegou-me, como aquelas lanternas gigantes que se nos apontam aos olhos deixa-mos de ver o que seja, como se fosse madrugada mas como um eclipse sem fim. Sempre tive dificuldade em falar do que sentia, até porque nunca soube bem o que era sentir, sempre andei meio anestesiada. Mentira, acho que uma vez senti de verdade, mas doeu tanto que não quis voltar a isso outra vez. Portanto agora quando sinto, choro, choro muito, mas quando paro penso na dor que senti e fico "afinal não é assim tão mau", isto porque agora quando sorrio, já nem parece genuíno, como era antigamente, como uma selfie perfeita. Já não me lembro bem de como é acordar naqueles dias de sol, em que nos dá vontade de correr nus pela casa sem pensar em mais nada, como um mergulho no mar azul, sem ponta de preocupação, sem o sabor amargo que levo todos os dias. Dou por mim a perguntar qual será o meu propósito se não fazer os outros felizes, fazer os outros sentirem-se bem, fazer para os outros. Imagino como seria voltar a esses dias, enquanto oiço na minha cabeça uma balada de piano solta, leve, como uma criança que sorri sem ver maldade em nada, sem maldade nos que a rodeia. Nessa altura, quando era criança, curiosamente já sentia que as coisas não iriam ser tão alegres como nos filmes, no entanto poderiam ter sido mais difíceis, tendo em conta algumas vidas que andam por aí.